# Vivências 2 – Por que escrever?

Eu fui uma criança criada à base de dezenas de revistas em quadrinho e de muita leitura. Pode-se dizer que sou fruto do investimento depositado em mim pelos meus pais. E que ação melhor para colher em termos de dividendos do que o plantio em educação e conhecimento?

Confesso que é difícil explicar em palavras o sentimento que me leva a escrever, mas é de uma gratidão profunda. É tanto um divertimento, como um dever tão grande e preenchedor que é capaz de dar propósito à própria vida. Tanto é que parei de imaginar como seria minha existência sem esse processo diário e que me preenche por completo depois que comecei a escrever As Crônicas de Cámenem.

Todo mundo tem uma missão em vida, acredito muito nisso. Quis o senhor do universo que a minha fosse escrever. Ando descobrindo é que para esse tipo de coisa não existe escapatória. Ou tu faz e vive por mais um dia, ou tu desiste e morre por dentro. É uma escolha que na verdade não existe. Eu não quero morrer sem sentir que aproveitei a vida fazendo as coisas que tinha que fazer. Ninguém quer.

Dizem por aí que escritor hoje em dia não é profissão e que não se tem sustento. Desde que você esteja escrevendo unicamente pensando no retorno financeiro. Então o processo se torna insuportável antes de vingar qualquer retorno, não existindo uma motivação intrínseca forte o suficiente para continuar e nem a disciplina e a constância exigidas para fazer o “trabalho de formiguinha” de todos os dias.

Mas quando se escreve por amor à causa, com essa inexplicabilidade de sentimento, se alça um voo mais alto do que qualquer impedimento terrâneo. Mesmo se for para morrer escrevendo — porque é isso que dá a entender quando se fala em escrever a vida inteira. — Escrever até não poder mais. Até quando as mãos cansarem e a cabeça estiver muito vaga para raciocinar, perto da morte.

Se escreve, então, para ter uma vida. Se escreve para sentir durante uma vida inteira. E se escreve para ganhar e dar significado à vida. Um sentimento de vitória que é eterno.

Gostou dessa reflexão? Deixa a tua curtida, e te inscreve na nossa newsletter para não perder conteúdo.

Deixe um comentário